Estratégias de Tratamento Homeopático em Medicina Paliativa e Atenção Primária à Saúde
Este ano estive no 21 Congresso Mundial de Médicos de Família – 21st WONCA World Conference of Family Doctors, nos dias 02 a 06 de novembro de 2016.
Neste congresso publiquei dois trabalhos de minha autoria, em um deles, apresentei a atividade de inserção da Homeopatia nos serviços de Medicina Paliativa na cidade de Amparo – SP e, também, Atenção Primária à Saúde na Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – MG:
21st WONCA World Conference of Family Doctors
Estratégias de Tratamento Homeopático em Medicina Paliativa e Atenção Primária à Saúde
Autor: Prof. Dr. Lucas Franco Pacheco. UNIVÁS – Pouso Alegre – MG, Brasil
Manejo Clínico – Medicina Tradicional e Complementar
Introdução: Na Atenção Primária à Saúde, praticamos a medicina com ênfase na Prevenção Quaternária, que consiste em identificar pacientes sob risco de sobremedicação e oferecer a eles intervenções médicas eticamente aceitáveis, protegendo-os da iatrogenia e intervenções médicas desnecessárias . Com isso, a Homeopatia surge como uma importante opção, considerando que possui efeitos colaterais mínimos e por ser especialidade médica regulamentada em mais de 80 países. Em países como Brasil, México, Inglaterra e Índia, a Homeopatia faz parte do sistema público de Saúde. No Brasil, está inserida na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares desde 2006 no Governo Federal.
Na Medicina Paliativa, os pacientes geralmente se encontram sob risco de excesso de medicação, onde muitas vezes as interações medicamentosas podem trazer danos. A Homeopatia apresenta recursos para aliviar o enfermo, melhorar sintomas clínicos, fortalecer a imunidade, estimular a força vital, e com potencial para reduzir ao mínimo necessário o número de medicamentos alopáticos em uso pelo paciente.
Objetivo: Propor estratégias de tratamento homeopático em Medicina Paliativa e Atenção Primária à Saúde. A intenção é apenas citar os medicamentos mais bem indicados. Não será apresentado a patogenesia nem os sintomas característicos mais peculiares a cada medicamento, para isso existem centenas de matérias médicas a serem consultadas pelo médico prescritor.
Método: Revisão dos prontuários dos últimos dois anos de trabalhos em medicina paliativa na cidade de Amparo-SP e dos prontuários dos pacientes da Unidade de Atenção Primária à Saúde da Faculdade de Medicina de Pouso Alegre – MG. Revisão da literatura, estudos das rubricas repertoriais e matérias médicas Homeopáticas dos medicamentos mais indicados para pacientes em cuidados paliativos.
Resultados: Na Atenção Primária à Saúde, apresento algumas opções terapêuticas para algumas das doenças mais prevalentes. Lembrando que o melhor medicamento Homeopático é sempre o Simillimum, medicamento individualizado que cobre a totalidade sintomática característica do paciente. Os medicamentos a seguir são medicamentos que em sua patogenesia cobrem melhor a totalidade sintomática de cada respectiva moléstia, de forma que devem sempre ser individualizados para cada paciente, e podem ser utilizados como coadjuvantes do medicamento alopático convencional ou como única linha de tratamento, dependendo de cada caso de doença e da resposta do paciente ao tratamento.
- Hipertensão Arterial: Baryta muriatica; Glonoinum; Lachesis; Crataegus; Cactus; Viscum album; Aurum metallicum; Phosphorus.
- Diabetes Mellitus: Arsenicum album; Phosphoric acidum; Syzygium jambolanum.
- Asma: Antimonium tartaricum; Arsenicum album; Blata orientalis; Bryonia alba; Drosera; Ipeca; Kali carbonicum; Lobelia; Sambucus.
- Verminose: Cina.
- Úlceras e Escaras: Silicea; Fluoric acidum; Clematis erecta; Arsenicum album; Carbo vegetabilis; Secale cornutum; Calendula.
- Lombalgia: Antimonium tartaricum; Bryonia alba; Cimicifuga; Hypericum; Rhus toxicodendron.
- Cefaléia: Belladonna; Bryonia; China; Ferrum phosphoricum; Gelsemiun; Glonoinum; Iris versicolor; Nux vomica; Sanguinaria.
O paciente em cuidados paliativos tem expectativa de vida que varia de anos e meses, até dias ou horas. Quando o paciente entra em estado terminal, o foco do tratamento passa a ser fornecer conforto, com tratamento mais intensivo dos cuidados paliativos. A homeopatia atua em sinergia com o tratamento convencional para proporcionar maior qualidade de vida ao paciente nesta situação. Os medicamentos homeopáticos podem contribuir para aliviar sintomas, embora na maioria dos casos o tratamento do paciente paliativo não altere a duração da doença quando o paciente apresenta uma moléstia grave e fatal. Nestes casos o tratamento homeopático pode ajudar para que os pacientes vivam mais confortavelmente a fase final de suas vidas.
MEDICAMENTO | INDICAÇÃO | OBSERVAÇÃO |
1) APOCYNUM CANNABINUM | insuficiência renal crônica | Edema com sede (ao contrário de Apis) |
2) ANTIMONIUM TARTARICUM | Dispneia com expectoração difícil | Diferencial com Blata orientalis, Senega, Grindelia robusta, Dulcamara |
3) ARSENICUM ALBUM | Agitação e medo da morte. Escara. | Com debilidade, exaustão, inquietude. |
4) BARYTA CARBONICA | Demência | Pessoas velhas, idiotia. |
5) CADMIUM SULPHURICUM | Efeitos adversos da quimioterapia | Ação mais profunda no estômago. |
6) COBALTUM | incontinência urinária e espasmos musculares | Fadiga e agitação. |
7) CARBO VEGETABILIS | Casos avançados de pacientes paliativos | Diferencial com Lachesis. |
8) CAUSTICUM | AVE | Paralisia, atrofia e enrijecimento precoce. |
9) CUPRUM METALLICUM | Cãibras | Espasmos |
10) LACHESIS | Casos intermediários a avançados de pacientes paliativos | Sufocação e desconforto |
11) LATHYRUS | Paralisias espasmódicas; Parkinson | Aumento dos reflexos |
12) NATRUM SULPHURICUM | AVE e edema cerebral | Trauma cerebral |
13) PLUMBUM METALLICUM | Patologias neuromusculares; ataxia | Paralisias , fraquesa, ataxia. |
14)SECALE CORNUTUM | Necroses, gangrenas, úlceras, escaras. | Diferencial com Arsenicum album, Silicea, Carbo vegebatiblis. |
15) SILICEA | Úlceras, escaras. | Supurações |
16) TARENTULA CUBENSIS | Dores da morte | Acalma a última agonia |
17) ZINCUM METALLICUM | Depressão cerebral e paralisia mental | Paciente letárgico |
CONCLUSÃO: Um medicamento homeopático bem escolhido pode diminuir a dor e melhorar a qualidade de vida de um paciente em cuidados paliativos, e pode diminuir o excesso me medicação em uso pelo paciente na Atenção Primária à Saúde e fornecer um instrumento para o médico bem treinado praticar em sua essência a Prevenção Quaternária e prevenir o paciente de intervenções médicas desnecessárias. Os sintomas característicos do doente têm muito mais valor na seleção de um medicamento adequado, do que a patologia que apresentar, para assim encontrarmos seu simillimum. Como é sabido, em homeopatia afirma-se a exigência de individualizar os tratamentos, e o mesmo se aplica nos pacientes em fase terminal ou no contexto ambulatorial da Atenção Primária à Saúde. Em alguns casos conseguiremos tratar nosso paciente somente com Homeopatia, porém, em outros, o medicamento Homeopático e o Alopático atuarão de modo sinérgico e complementar para o benefício do paciente.
Autor: Prof. Dr. Lucas Franco Pacheco, Médico com título de especialista em Homeopatia pela AMHB-AMB.
site: www.doutorlucashomeopatia.com.br
2 comments
Parabenizo o colega Lucas Franco Pacheco pelo seu simples, bonito e objetivo trabalho. Gostei de todo ele, mas principalmente no quesito em que comenta a importância do tratamento conciliatório Alopático e Homeopático quando se fizer necessário, mostrando aí seu conhecimento e maturidade médicas. Grande abraço.
Que ótimo trabalho
União de homeopatia e alopatia
Sou alopata há 44 anos
Há 3-4 iniciei meus estudos de Homeopatia
Penso como si, em mesclar alopatia e homeopatia
Sempre em benefício do paciente
Parabéns pela coragem de seus expostos