Dr lucas homeopatia
Prof. Dr. Lucas Franco Pacheco, médico com título de especialista em Homeopatia pela Associação Médica Brasileira e Associação Médica Homeopática Brasileira – AMB/AMHB.

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Febre, e agora?

A febre é o grande tema da pediatria. É o principal dilema dos pais: quando medicar? qual medicamento utilizar? devo utilizar antitérmico? Devo levar meu filho ao Pronto Socorro?

Febre é o organismo reagindo para combater a infecção, é benéfica e não deve ser suprimida rotineiramente.
Febre é o organismo reagindo para combater a infecção, portanto, é benéfica e não deve ser suprimida rotineiramente.

Primeiramente, vamos definir qual temperatura é considerado febre. De modo geral, febre é temperatura axilar acima de 37,7 graus celsius. Mas o grau de temperatura da febre não diz muito sobre a gravidade da doença, por exemplo, uma extensa pneumonia em uma criança desnutrida ou com câncer pode não produzir febre, uma meningite meningocócica pode ter febre baixa no início. Enquanto que o transtorno da dentição ou um estado inflamatório não infeccioso pode elevar a temperatura mesmo na ausência de infecção.

As mães geralmente me questionam: ” Mas Dr. Lucas, até qual temperatura a febre pode subir? Se eu não medicar ela vai subir sem parar?”. A resposta é simples: A temperatura sobe até o valor necessário para o organismo reagir à infecção e então estaciona, ou seja, a temperatura não sobe indefinidamente como muitos pais tem medo.  Temperaturas extremamente elevadas são raras e ocorrem somente em estados de alteração neurológica severa.

Febre não é doença. Isto tem de ficar bem claro. A febre é uma reação normal e fisiológica do organismo que está produzindo substâncias para combater a invasão ou infecção de um agente infeccioso, geralmente um vírus ou uma bactéria. A febre, portanto, tem função de defesa. Só tem febre criança saudável, que tem energia para movimentar suas defesas. Pesquisas mostram efeitos benéficos da febre sobre o sistema imune e desta forma auxiliariam a uma recuperação mais rápida. Como informei, crianças desnutridas ou com doenças graves que deprimem o sistema imunológico, por exemplo a AIDS, frequentemente apresentam infecção sem febre, nesses casos geralmente a criança deve ser internada devido ao risco de morte, pois elas estão tão debilitadas que nem febre conseguem produzir.

A febre indica que o sistema imunológico da criança esta reagindo a algo, portanto devemos prestar muita atenção à criança com febre. Quadros graves são identificados primeiro pelos pais que convivem com a criança e sabem como ela reage. Na dúvida justifica a ida ao pronto socorro. Lembrar que os quadros febris perduram em média 72 horas.

Dar antitérmico ou não?

É necessário compreender que a febre em si não aumenta riscos para a criança, muito pelo contrário, ao deixar a febre agir você está permitindo que o organismo combata a infecção de forma mais eficaz. A função do antitérmico é simplesmente dar conforto e bem estar à criança, medicar com antitérmico não encurta a evolução da doença, muito pelo contrário, pelo fato do antitérmico bloquear e impedir a reação de defesa do organismo, o antitérmico muitas vezes torna crônica e arrastada uma doença que, sem o antitérmico, seria auto-limitada em 2 ou 3 dias e, por causa da supressão da febre, se prolonga por 7 a 10 dias.

Febre: devemos observar de forma ativa, e não suprimi-la compulsivamente.
Febre: devemos observar de forma ativa, e não suprimi-la de forma sistemática.

Durante um quadro febril as crianças ficam paradinhas, prostradinhas e não querem se alimentar, isso é normal, pois toda a energia do organismo está sendo utilizada para produzir células de defesa e para o combate contra o patógeno e, com isso, não sobra energia para brincar nem para digerir o alimento. Por isso, costumo dizer aos pais:

Se após um período de 2 ou 3 dias de febre a criança voltou a brincar e comer (sem tomar antitérmico, é claro), mesmo que ainda esteja com catarro no nariz ou tosse, ela está curada. Essa tosse e catarro são sintomas de exoneração, é o organismo colocando a bactéria e o vírus pra fora do corpo, não são a doença, portanto estes sintomas não são dignos de serem medicados.

Sendo assim, a elevação da temperatura estimula a produção de células de defesa, e não deveriam ser medicadas ou suprimidas rotineiramente, pois sem a febre o organismo fica sem essas defesas, o costume de suprimir a febre com antitérmico é um desserviço ao nosso organismo e, além disso, é uma vantagem a mais para a bactéria ou vírus já que o organismo se torna fragilizado pela supressão.

Quando medicar com antitérmico?

Oriento somente medicar com antitérmico seguindo as orientações da Sociedade Brasileira de Pediatria:

  • Se dor ou desconforto evidente(para dar conforto ao paciente);

Lembrando que convulsão febril só ocorre nas raras crianças que tem essa pré-disposição, que geralmente atingem apenas de 1% a 3% das crianças, que tem um limiar mais sensível ao estresse febril. Portanto, se a criança não tiver esse limiar cerebral mais sensível para convulsão febril, ela não desenvolverá esse sintoma. De qualquer forma,  a convulsão febril hoje em dia é considerada uma afecção benigna e sinalizadora desse pequeno limiar que poderá ser facilmente contornado pelo medicamento homeopático que tenha similitude com a totalidade sintomática do paciente.

É por isso que os médicos homeopatas respeitam a febre de seus pacientes, a febre é útil também para acompanharmos se o paciente ainda continua em combate contra o microrganismo ou se já está curado, pois se o paciente for medicado com antitérmico, não saberemos se ainda está doente ou já se curou, ele pode até ter voltado a brincar e a comer, mas depois de 4 a 6 h, assim que passar o efeito supressivo do medicamento, ele volta a ficar prostrado e sem apetite, portanto a doença ainda está presente, a febre foi apenas suprimida temporariamente. Assim sendo, se sabemos que ao surgir a febre, o organismo está fortalecendo a própria defesa, a melhor conduta é não atrapalhá-lo com antitérmicos, sob o risco de interromper e atrapalhar essa defesa e enfraquecê-lo.

Quanto mais tempo o paciente permanecer na condição febril mais rapidamente ele debelará o processo infeccioso. A febre é como um forno que o nosso corpo acende para destruir os germes que nos estão incomodando. Ao fazer a prescrição de medicamentos homeopáticos durante os processos febris o médico homeopata não objetiva abaixar a febre, mas sim ajudar o organismo a completar esse trabalho de defesa mais prontamente e contornar os possíveis efeitos colaterais que a acompanham.

Febre e Imunologia

No “Tratado de Fisiopatologia de Smith and Thier” fica bem claro o papel fundamental da febre para erradicar os patógenos responsáveis pela infecção:

(…) a febre não é apenas uma manifestação primordial das doenças infecciosas, mas os mecanismos moleculares implicados em sua origem têm uma ação muito ampla no aumento das respostas imunes, inflamatórias agudas e específicas, necessárias para restringir e erradicar os organismos responsáveis pela infecção.

No livro do “Robbins & Cotran – Patologia – Bases Patológicas das Doenças” fica evidente que inflamação não é doença, e reforça a importância da inflamação para o processo de reparo e de se evitar dar anti-inflamatório ao paciente:

—A reação inflamatória está intimamente ligada ao processo de reparo. A inflamação não é doença, mas  uma resposta  com efeito salutar.

—Inflamação é mecanismo de defesa, o objetivo final é a eliminação dos microrganismos, toxinas e células danificadas através da fagocitose pelos neutrófilos e macrófagos.

——Essencial para a restauração dos tecidos, sendo que a cicatrização não ocorre sem inflamação.

—Fundamental para o estabelecimento da imunidade adaptativa,  fornecendo sinais para ativação dos linfócitos

O “—Manual Merck” reforça a ideia de que a febre é benéfica para o organismo e não deve ser suprimida rotineiramente:

Os mecanismos de defesa do hospedeiro ficam aumentados por uma temperatura elevada, portanto a febre é potencialmente benéfica e não deveria ser suprimida rotineiramente.

—O livro de imunologia mais importante do mundo, o “Imunobiologia de Janeway”, da Inglaterra, afirma que a febre é benéfica, e além disso, as bactérias e vírus são prejudicados pela temperatura elevada e nosso organismo se fortalece com a febre:

A febre geralmente é benéfica. Os patógenos crescem melhor sob temperaturas mais baixas. As respostas imunes são mais intensas em temperaturas elevadas. Temperaturas elevadas diminuem a replicação bacteriana e viral e aumentam a destruição dos  patógenos.

O livro de genoma e biologia molecular “—Vida, A Ciência da Biologia”, afirma que a febre além de seu papel de ativar a imunidade do organismo, destrói as enzimas bacterianas, diminuindo o poder de destruição das bactérias:

As enzimas em humanos são mais estáveis a altas temperaturas do que as das bactérias. A febre desnatura as enzimas bacterianas, mas não as nossas.

O Livro “São e Salvo – e livre de intervenções médicas desnecessárias” lançado no Brasil em 2016 pelo eminente médico espanhol Prof. Dr. Juan Gérvas, defende que dar antitérmico para febre é uma intervenção médica desnecessária e prejudicial:

Demonstrou-se ser inútil e prejudicial tratar a febre com antitérmicos. A febre ajuda a combater as infecções e é benéfica.

No Livro “

Retirado do Livro  “Imunologia básica de Abbas – 4ª ed.”, compreendemos a necessidade da febre. Nele é demonstrado os 5 estágios do combate à infecção:

  1. Fase de Reconhecimento: Nossas células de defesa reconhecem o agente infeccioso, e nossas células apresentadoras de antígeno fazem sua apresentação aos linfócitos T virgem.
  2. Fase de Ativação:  Ocorre a expansão clonal e diferenciação celular em linfócitos T efetores.
  3. Fase de Eliminação do antígeno: Ocorre eliminação dos restos de proteínas bacterianas e virais através da fagocitose (imunidade celular fagocítica).
  4. Fase da Homeostasia: em que ocorre a apoptose e morte celular. Além de fagocitar e matar microrganismos, os macrófagos removem células mortas, restos celulares e resíduos provenientes de tecidos lesados; essenciais para o reparo tecidual.
  5. Fase da Memória imunológica: As células de memória que sobreviveram mantém o organismo protegido contra novas infecções.

O uso de antitérmico de forma indiscriminada bloqueia o ciclo do combate à infecção, e isso faz com que não ocorra o reconhecimento do patógeno nem a ativação da célula de defesa do organismo e, com isso, o processo de cura se arrasta, demora mais para para o organismo se curar, pois esta enfraquecido pela ação do antitérmico.

Retirado do Livro de Imunobiologia de Janeway
Retirado do Livro “Retirado do Livro de Imunologia básica de Abbas – 4ª ed.”

Os Macrófagos são células de defesa de nosso organismo que produzem Interferon (IFN) e citocinas, que ativam células Natural Killer (NK), que são a linha de frente de nosso sistema de defesa, ou seja, as células NK fazem atuação precoce na defesa contra infecções por vírus. O IFN – α e β e as citocinas TNF e IL 12  aparecem primeiro, seguidos por uma onda de células NK. Os antitérmicos bloqueiam a produção de IFN e citocinas e, portanto, as células NK deixam de serem ativadas.

Portanto, sem as células NK ativadas, os níveis de alguns vírus são muito elevados nos primeiros dias da infecção e podem ser letais.

Após a Produção de IFN, ativação das células NK, redução do título viral e da cura completa, permanece o anticorpo e imunidade de defesa de memória contra este patógeno. Por isso que o paciente tratado com Homeopatia, que respeita o organismo e o deixa atuar de forma completa, e fortalece a imunidade com medicamentos homeopáticos, fica muito tempo sem ter infecções, pois está protegido com a memória imunológica efetiva e com um sistema de defesa atuante e vigilante, ao contrário da criança que bloqueia toda esta cascata benéfica de reação de defesa utilizando de forma errônea e sistemática antitérmicos e antibióticos.

O paciente tratado com Homeopatia tem de forma científica bem estabelecida a reação contra o patógeno:

Retirado do Livro de Imunobiologia de Janeway
Retirado do Livro “Retirado do Livro de Imunologia básica de Abbas – 4ª ed.”

É importante compreender que não existe imunidade protetora sem uma reação inflamatória que aciona os mecanismos defensivos. E para ser eficiente requer febre, muitas vezes com reações mucopurulentas e exonerações.

Portanto, a ciência e a experiência comprovam o que Dr. Samuel Hahnemann escreveu, que na saúde o modo de reagir é ordenado, baseado numa “sabedoria da natureza” que no decorrer de milhões de anos desenvolveu “tecnologias” infinitamente superiores às da ciência humana e, com isso, a febre leva a uma resposta organizada e regulada, confere uma imunidade protetora, favorece a eliminação do antígeno através da eliminação de muco e pus, estabelecendo uma reação eficiente e exonerativa, com objetivo final de retorno à homeostase e equílibrio.

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Autor: Prof. Dr. Lucas Franco Pacheco, Médico com título de especialista em Homeopatia pela AMHB-AMB.

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