Estratégias de Tratamento Homeopático em Medicina Paliativa

Prof. Dr. Lucas Franco Pacheco – Médico especialista em Homeopatia pela AMHB – AMB.
A seguir o trabalho que apresentei no XXXIII Congresso Brasileiro de Homeopatia, em Campo Grande – MS, em Setembro de 2016:
CATEGORIA: Serviços de Atenção à Saúde. AUTOR: Prof. Dr. Lucas Franco Pacheco.
PALAVRAS CHAVE: Paliativa; Homeopatia.
INTRODUÇÃO: O paciente em cuidados paliativos tem expectativa de vida que varia de anos e meses, até dias ou horas. Quando o paciente entra em estado terminal, o foco do tratamento passa a ser fornecer conforto, com tratamento mais intensivo dos cuidados paliativos. A homeopatia atua em sinergia com o tratamento convencional para proporcionar maior qualidade de vida ao paciente nesta situação. Os medicamentos homeopáticos podem contribuir para aliviar sintomas, embora na maioria dos casos o tratamento do paciente paliativo não altere a duração da doença quando o paciente apresenta uma moléstia grave e fatal. Nestes casos o tratamento homeopático pode ajudar para que os pacientes vivam mais confortavelmente a fase final de suas vidas.
MATERIAL E MÉTODOS: Revisão dos prontuários dos últimos dois anos de trabalhos em medicina paliativa na cidade de Amparo-SP utilizando medicamentos homeopáticos. Revisão da literatura, estudos das rubricas repertoriais e matérias médicas Homeopáticas dos medicamentos mais indicados para pacientes em cuidados paliativos.
RESULTADOS:
1) Apocynum cannabinum: Segundo Boericke, é o medicamento mais útil nas hidropisias, ascites, anasarcas, indicado para problemas urinários, com sintomas mentais de depressão e desnorteado. Para J. H. Clarke, neste medicamento encontramos urina escassa, secreções diminuídas. Segundo Vijnovsky, é especialmente útil em anasarca de origem renal ou cardíaca; muita sede com edema (ao contrário de Apis mell).
2) Antimonium tartaricum: Segundo D. Demarque e colaboradoes, este medicamento está indicado para numerosos estertores finos ou úmidos, importante quantidade de muco nos brônquios ou alvéolos. Respiração difícil, ruidosa, a tosse parece descolar um pouco de muco espesso, a expectoração é difícil ou até impossível. Dispneia importante.
3) Arsenicum album: Para H. C. Allen, é o medicamento do paciente com grande prostração, mentalmente inquieto, com declínio rápido das forças vitais, com dor ardente das partes afetadas. Medo ansioso da morte, acha que é incurável. Segundo Boericke, é o medicamento indicado para muitos tipos de moléstias graves, onde predomina exaustão, debilidade,com pele fria.
4) Baryta carbonica: Para H. C. Allen, o paciente se apresenta com memória deficiente, esquecido, desatento, idiotia. Pacientes fracos física e mentalmente. Pessoas velhas, caquéticas, inabilidade para engolir qualquer alimento, exceto líquido.
5) Cadmium sulphuricum: Segundo Boericke, a patogenesia deste medicamento corresponde a formas de moléstias muito graves. Com exaustão, vômitos persistentes e extrema prostração. Calafrio e sensação de frio como gelo (Heloderma) mesmo perto do fogo.
6) Cobaltum: Segundo Boericke, é adequado para estados de neurastenia de coluna vertebral. Na matéria médica de J. H. Clarke, é utilizado para espasmos e tremor dos membros, descarga freqüente e pequena de urina. Segundo Vermeulen, este medicamento apresenta grande fadiga, agitação e dores ósseas.
7) Carbo vegetabilis: Segundo J. T. Kent, está indicado quando o quadro for semelhante ao de Lachesis, e ao mesmo tempo estiverem presentes os seguintes sintomas: sudorese fria, cobrindo o corpo todo, o necessidade de ser abanado, abdome distendido por flatulência, o Hálito frio.
MEDICAMENTO | INDICAÇÃO | OBSERVAÇÃO |
1) APOCYNUM CANNABINUM | insuficiência renal crônica | Edema com sede (ao contrário de Apis) |
2) ANTIMONIUM TARTARICUM | Dispneia com expectoração difícil | Diferencial com Blata orientalis, Senega, Grindelia robusta, Dulcamara |
3) ARSENICUM ALBUM | Agitação e medo da morte. Escara. | Com debilidade, exaustão, inquietude. |
4) BARYTA CARBONICA | Demência | Pessoas velhas, idiotia. |
5) CADMIUM SULPHURICUM | Efeitos adversos da quimioterapia | Ação mais profunda no estômago. |
6) COBALTUM | incontinência urinária e espasmos musculares | Fadiga e agitação. |
7) CARBO VEGETABILIS | Casos avançados de pacientes paliativos | Diferencial com Lachesis. |
8) CAUSTICUM | AVE | Paralisia, atrofia e enrijecimento precoce. |
9) CUPRUM METALLICUM | Cãibras | Espasmos |
10) LACHESIS | Casos intermediários a avançados de pacientes paliativos | Sufocação e desconforto |
11) LATHYRUS | Paralisias espasmódicas; Parkinson | Aumento dos reflexos |
12) NATRUM SULPHURICUM | AVE e edema cerebral | Trauma cerebral |
13) PLUMBUM METALLICUM | Patologias neuromusculares; ataxia | Paralisias , fraquesa, ataxia. |
14)SECALE CORNUTUM | Necroses, gangrenas, úlceras, escaras. | Diferencial com Arsenicum album, Silicea, Carbo vegebatiblis. |
15) SILICEA | Úlceras, escaras. | Supurações |
16) TARENTULA CUBENSIS | Dores da morte | Acalma a última agonia |
17) ZINCUM METALLICUM | Depressão cerebral e paralisia mental | Paciente letárgico |
8) Causticum: Segundo Dr. Francisco Freitas, é útil no AVE, em que estão presentes paresias e paralisias com atrofia muscular e enrijecimento precoces, em associação com déficits sensoriais.
9) Cuprum metallicum: Segundo J. H. Clarke, é o medicamento para convulsões violentas, afecções paralíticas, cãibras, espasmos clônicos. Para Vermeulen, é indicado para afetos espasmódicos, cãibras, convulsões, começando nos dedos das mãos e dos pés, dor violenta, espasmos tonico-clônicos.
10) Lachesis: Segundo J. T. Kent, é o medicamento da sufocação e desconforto interno no peito e estômago, transpiração que escorre, o grande decaimento, precisa remover as roupas do pescoço, peito, abdome, o terrível expressão facial.
11) Lathyrus: Segundo Boericke, o medicamento afeta as colunas laterais e anteriores da medula, provoca aumento dos reflexos, paralisia espasmódica, músculos glúteos e membros inferiores emagrecidos. O paciente senta encurvado pra frente estica o corpo com dificuldade. Para J. H. Clarke, é útil em atetose, ataxia locomotora, esclerose espinhal, parkinsonismo, paraplegia, incontinência urinária.
12) Natrum sulphuricum:Segundo H. C. Allen, é o medicamento para traumatismo mental, efeitos mentais de traumatismos na cabeça, efeitos crônicos no cérebro de golpes e quedas.
13) Plumbum metallicum: Para H. C. Allen, apresenta percepção lenta, torpor intelectual, delírio alternado com cólica, expressa grande ansiedade e sofrimento. Paralisia geral ou parcial, emagrecimento extremo com anemia e grande fraqueza. Compleição cadavérica. Paralisia ou atonia muscular. Segundo Vermeulen, é droga ideal para condições escleróticas gerais, paralisia principalmente de extensores, antebraço ou membro superior, do centro para a periferia e anestesia parcial ou hiperestesia excessiva, precedidos de dor. Localizada dores nevrálgicas, atrofia muscular progressiva, paralisia infantil, ataxia locomotora, emagrecimento excessivo e rápido, paralisia bulbar, é Importante em alterações periféricas.
14) Secale cornutum: Segundo H. C. Allen, paciente apresenta rosto pálido, hipocrático, a pele parece fria ao toque embora o paciente não tolere ser coberto, com frialdade gelada nas extremidades. Clarke sugere para pacientes com úlceras negras, gangrenas e necroses. Segundo Lathoud, é o medicamento indicado para escaras antigas e úlcerações.
15) Silicea: Segundo Boericke, é indicado para paciente fraco e ansioso, supurações, fístulas, pus. Segundo J. H. Clarke, é o medicamento para úlceras em geral, principalmente com supurações. Úlceras com odor fétido.
16) Tarentula cubensis: Segundo Boericke, apresenta mãos trêmulas, não consegue segurar urina quando tosse, apresenta sonolência. Segundo J. H. Clarke, Apresenta Ansiedade e delírio. Para Vermeulen, Tarent-c é indicado para estado sépticos, agonia da morte, agitação nervosa, perda de apetite. Na repertorização, é o único medicamento com a rubrica: indução à eutanásia, além de apresentar as rubricas: Generalidades-colapso; Pele, úlceras, senis e Mental, delírio, dores, com as.
17) Zincum metallicum: Segundo H. C. Allen, paciente apresenta vitalidade defectiva, exaustão cerebral e nervosa. Para Boericke, a palavra para Zincum é cansaço, com quadro de depressão cerebral, paralisia cerebral iminente, memória fraca, letárgico.
Com o início das dores da agonia, Kent sugere considerar Arsenicum album ou Secale cornutum quando estas se localizarem no abdome. De acordo com Kent, o medicamento Tarentula cubensis na 30 CH alivia o moribundo, e o faz de modo instantâneo “como nunca presenciei outro remédio fazer”. ”A dor dos últimos momentos, o ruído no tórax, sem força para remover o muco pode ser aliviada prontamente em poucos minutos”.
DISCUSSÃO: Os pacientes paliativos apresentam com freqüência desaceleração dos sistemas orgânicos, com diminuição das respostas neuromusculares, diminuição do apetite e sede, junto da incapacidade para deglutir, náusea, vômitos e diarréias passam a ser freqüentes, inicia-se mudança nos padrões respiratórios, a respiração pode tornar-se irregular, incontinência urinária com perda do controle dos esfíncteres, alterações circulatórias gerais e diminuição da circulação periférica que tornam as mãos e pés frios; inquietude e confusão mental, com sobressaltos musculares, fasciculações; diminuição da interação social; mudança na cor da pele; mudança do sono e nível de consciência, com aumento dos períodos de sono, diminuição da consciência e responsividade, torna-se difícil acordar o doente, acorda com muita dificuldade e, eventualmente, estado de coma (impossibilidade completa de acordar), minutos ou horas antes da morte. Sendo assim, os medicamentos citados cobrem a grande maioria das necessidades dos pacientes em cuidados paliativos.
CONCLUSÃO: Um medicamento homeopático bem escolhido pode diminuir a dor e melhorar a qualidade de vida de um paciente em cuidados paliativos. Os sintomas característicos do doente têm muito mais valor na seleção de um medicamento adequado, do que a patologia que apresentar. Como é sabido, em homeopatia afirma-se a exigência de individualizar os tratamentos, e o mesmo se aplica nos pacientes em fase terminal. Estes medicamentos citados são os que tenho encontrado mais similaridade nos casos de pacientes em cuidados paliativos.
Autor: Prof. Dr. Lucas Franco Pacheco, Médico com título de especialista em Homeopatia pela AMHB-AMB.
site: www.doutorlucashomeopatia.com.br
3 comments
Muito bom artigo. Claro e de fácil entendimento.
Sou médica Fisiatra e tenho indicado aqui no sul do país, mais especificamente em Porto Alegre, associação também de tratamento homeopático para meus pacientes e percebo o quanto é realimente gratificante quando podemos associar forças para auxiliar na luta da melhora da qualidade de vida das pessoas.
Obrigada pelo artigo esclarecedor.
Tive uma grata surpresa ao pesquisar homeopatia e câncer no google.
Teu site está claro, com boas evidências.
Sou praticamente um dinossauro na Homeopatia, mas adorei ver a qualidade e capacidade de comunicação do teu site.
Gostei muito de ler as descrições das substâncias homeopáticas. De fácil entendimento. Muito obrigado pelo esclarecimento